O que se viu em Madame Bovary foi o drama de uma mulher histérica que nunca conseguia satisfazer-se com o que era e com o que possuía, buscando, no casamento e em relacionamentos extra-conjugais, através do amor, a realização egoísta de seus desejos, que, com a desconsideração de sua condição material, levou a ela e a sua família à ruína financeira e ao suicídio.
Segundo a psicanálise, foram identificados traços estruturais da histeria enquanto categoria clínica, tais como: a insatisfação enquanto sintoma e, ao mesmo tempo, enquanto forma de gozo relacionado ao desejo característico da histeria, que é o desejo mesmo de um desejo insatisfeito na forma de um mestre (pai-ideal) que se busca encontrar, mas que nunca satisfaz à exigência histérica, que, na verdade, se remete à Coisa (materna), da qual o pai é mais uma substituição metonímica do que uma metáfora bem sucedida.